O NÃO-DITO DOS CUIDADORES - dos sinais de conflito ao estresse

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Este artigo surge de reflexões a partir de minha incursão no livro O ESTRESSE LABORAL E A SÍNDROME DE BURNOUT-UMA DUALIDADE EM ESTUDO (2003), no qual dissertei sobre o real e o simbólico, sobre a teoria do estresse com consequências nas relações de trabalho; mas o assunto não esgotou a procura pelo saber e então aborda-se agora a questão dos cuidadores, médicos, psicólogos, enfermeiros, enfim, os profissionais da área da saúde e o que não quer ser percebido, o que está interditado pelo não-dito.

O que seria o "Não-dito" dos cuidadores?

A rede social constitui-se a partir de uma ordem simbólica onde as emoções, constantemente colocadas em cena pela situação da vida quotidiana, mantém um diálogo: as pessoas e o meio.

Conforme Ghiorzi (2004) no processo de relação entre cuidadores (profissionais da área da saúde) e paciente, as emoções estão presentes e podem ter significados diferentes, segundo o olhar do outro. Nas relações humanas, as emoções designam um pensamento, um sentimento vago de mal-estar, algo que seja impossível de compreender mas que renova permanentemente frente a um estímulo que o outro envia. Através do corpo, um sentimento pode ser justificado e explicado sem ser dito.

Os profissionais da saúde e os pacientes colocam seus corpos em comunicação num movimento empático entre cuidadores e pacientes, colocados corpo a corpo num mesmo espaço. A gravidade de um acontecimento e de alegria de um momento de pende do conhecimento deles mesmos.

A ciência médica ocultou a dimensão emocional dos cuidadores, sobretudo os médicos. “para definir a doença é preciso desumanizá-la ... o objeto da medicina tornou-se a doença” (Clavreul, 1975) porque o que conta é o ato de curar.” Este era o pensamento sobre o papel dos profissionais da saúde. Eles  mesmos criaram um estigma social, impondo-se a si próprios o recalcamento das emoções como mecanismo de defesa para o sofrimento psíquico e a alteridade, num movimento de presença - ausência para dar um diagnóstico, para tratar uma pessoa doente.

Atualmente, em função de um sistema social de saúde, o cuidador se sente desvalorizado, esgotado e manipulado (razão da instalação do estresse e BURNOUT) e cada vez mais usam mecanismos de defesa como a sublimação, a compaixão e a submissão reforçadas por um discurso ideológico de negação de si mesmo, ou de seus sentimentos.

Seria a reprodução do script de seus cursos?


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Reflexões feitas a partir de estudos e de um artigo cientifico publicado sobre o Estresse Laboral e a Síndrome de BURNOUT nos profissionais da área de saúde.

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