O Estresse no trabalho e as novas tecnologias

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Num enfoque psicossocial, o estresse no trabalho é um fenômeno pessoal e social cada vez mais freqüente e com conseqüências importantes a nível organizacional, intelectual e emocional; vivemos numa sociedade capitalista e globalizada e o contato com as novas tecnologias estão entre as variáveis mais importantes quando estudamos o estresse: o ser humano torna-se ansioso, vulnerável a estes novos desafios cognitivos que permeiam o mundo do trabalho.

A Psicologia do Trabalho, em seus postulados teóricos, tem a preocupação com a saúde psíquica do ser humano inserido em sua atividade laboral. O objeto de estudo é a saúde mental do ser humano; inserido no contexto do Trabalho numa sociedade competitiva, que tem sua historicidade marcada por profundas mudanças, as quais, por delinearem um contato com o novo, o desconhecido, configuram-se como ansiogênicas pela necessidade de adaptação do homem.

Desde a Revolução Industrial no início do século XX, desapareceu o artesão para dar lugar ao trabalhador tendo que dar conta das demandas, de situações muitas vezes incompatíveis às suas respostas cognitivas (intelectuais) e de personalidade; as pressões, o modo de organização do trabalho daí advindos, deram início às preocupações com as psicopatologias do trabalho; no desenrolar dos avanços e descobertas científicas, o homem tem sido cada vez mais solicitado a dar conta de demandas que a sociedade industrializada e agora extremamente tecnológica lhe impõe; e é necessário inserir-se neste viés da ciência sob pena de tornar-se obsoleto, tanto o individuo quanto as organizações.

E fica uma questão: como fica sua subjetividade?

No ambiente de trabalho, quando não é favorecido o necessário ajuste entre as necessidades do funcionário e os fins da instituição, estes podem perceber este ambiente como ameaçador, desencadeando os sinais precoces do Burnout, tais como despersonalização (perda da capacidade de demonstrar afeto), desmotivação, falta de energia, desinteresse pelos clientes, alto absenteísmo, etc.

Felizmente, muitas empresas investem na qualidade de vida e na saúde, com programas para elevar a satisfação de todos os que trabalham nelas, para o aumento da qualidade dos serviços prestados, evitando assim que o estresse laboral se instale e deixando de evoluir para o que seria a Síndrome de Burnout: “la expressión palpable de uma pérdida de ilusiones”, como descrevem Alvarez e Fernandez (1991).

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Texto publicado no Jornal NH do dia 26/08/2003.

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