Uma estranha experiência

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Marrakech

 
 



                                                   

 

Marrocos continua em minha lembrança, encantador.

 Saber pela  imprensa que  um mascarado jihadista na Síria  teria decapitado um jornalista norte americano, é imaginar uma cena de horror. Inverossímil  para nós ocidentais. . Tal nível de crueldade  mostra um lado islâmico extremista do terror: o Estado Islâmico, um grupo que comete a cada dia graves violações aos direitos humanos. Atacam homens , mulheres e crianças em função de sua origem étnica, religiosa  sem piedade, onde matar e mutilar não gera culpa. Querem criar uma nação radical muçulmana.;  junto com o fundamentalismo... perigoso sempre. Preocupa a ONU. Nos assusta.

Existirá algum dia um meio termo?


Este episódio odioso me fez pensar na questão de cultura  de um povo.Possuem uma  essência punitiva própria.


Me pareceu um DÉ JÀ VU
Reportou-me à 2010 quando  tive a feliz oportunidade de conhecer Marrocos, junto a um grupo de amigos franceses.

Pois, não ouvi uma recomendação do guia que nos levava a conhecer a praça principal de Marrakech: -  para mim o idioma francês exige atenção  - a de não  poder fotografar ao lado dos  nativos,  tocadores de estranhos instrumentos para atrair turistas,  sem  pagarmos.  Naturalmente registrei meu momento ao lado do encantador de serpentes .  O guia acenou, perguntando se eu não havia escutado seu alerta e que poderia  ter tido a mão decepada. Devo ter sorrido incrédula. Fui saldar “minha dívida”.E depois os meus amigos me disseram que já havia acontecido isto,sim.   Era assim que puniam os trangressores de suas “leis” pautadas pelo islamismo. Me pareceu um DÉ JÀ VU: já tinha ouvido algo assim em minha infância, em algum conto ou história.Incrível!  Cada povo com sua cultura.Não me reporto aqui a um comportamento fundamentalista mas sim à leis  seculares e primitivas. Até hoje me soa inacreditável. Chibatadas? Existe também.



O Marrocos continua  em minha lembrança lindo e encantador. Mas   penso nesta perigosa relação com a vida. Assim como, por seu lado, fanática e irracional inversão de valores  tem  as “células terroristas”jihadistas   que se infiltram pelo mundo

O que representa a vida , que essência e  leis são estas? Eis a questão.



PORQUE PRECISAMOS LER

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Havia nevado na noite anterior... eu olharia En passant a branca paisagem

 

 

Paris - Genebra. Janeiro, 2008.


Três  horas de viagem no  trem TGV – sabia que iria desvirginar meu olhar diante de lugares nunca vistos. Havia nevado a noite anterior... várias estações de trem  estariam ante meu olhar e eu olharia en passant  a branca paisagem, mas com a memória aguçada para quem a neve era rara e precisaria evoca-la mais tarde. Iria deliciar-me com o recomendado Le Croque Monsieur, o sanduiche quente, gostoso e inesquecível. Meus sentidos alertas, pois não poderia privar-me de nada.




Embarque feito. Discreta mas atenta, visualizei uma figura impávida, embevecida, elegante,  sentada à minha frente enquanto o trem oscilava suavemente.  Um indecifrável francês alheio ao seu redor,  lia um livro. A paisagem encantadora, deveria  lhe ser rotineira e antiga. Não o interessava mais. Isto o deixava especialmente único e nobre,  vestido com seu terno lindo! Aliás, todo o homem fica belo de terno.


Enquanto o observava discretamente, minha imaginação revestia-se de asas. Seria um professor? Da Sorbonne?!  Voltava de sua jornada em Paris, afinal  era final de semana? Ou um conferencista lendo um artigo? -Me parecia um intelectual de primeiríssima estirpe - Lendo Luc Ferry e suas ideias humanistas? O franco-argelino Albert Camus? Ou um Psicanalista imerso na leitura difícil e sábia de Lacan?

Sempre gostei de olhar pessoas e imaginar então suas histórias, biografias.

Mais adiante, avisto um jovem displicentemente recostado no banco. . Mais um leitor. Pensei que estivesse lendo Asterix e Obelix.  Afinal eu estava na França e ele  esbanjava linda juventude.  Pela escolha, parecia inteligente e sagaz..

Logo ali, alguém lendo um jornal.” Le Monde”. O mundo em suas mãos e eu descobrindo  aquele grão de areia na imensidão do planeta.

Incrível a cultura dos europeus. Séculos os fizeram leitores contumazes. Leem muito. Desde pequenos. Tem disciplina. Como sei? Porque lá convivi e ouvi as mais diversas falas. Como a do  eletricista da amiga – irmã brasileira que me hospeda no Velho Mundo. O diálogo entre eles era sobre o Socialismo, suas raízes filosóficas e sociológicas.. Falou sobre Marx e seus postulados teóricos, entre uma troca de lâmpadas. Um show de cultura e eu embevecida,  lembrei de H. Hesse: “ O homem culto é apenas mais culto. Nem sempre mais inteligente que o homem simples”

E  tudo faz sentido. Precisamos ler, porque lendo , estudamos. O Brasil é um país jovem e  as Feiras do Livro não existem por acaso. São santuários  da leitura . São a alma de uma cidade que quer ser representada pelas letras de seus cidadãos, pelos escritores do mundo,  pelos contos que nunca se extinguem. Pelo eterno livro.

 

                                                        

 

Sonhar 2015 em PAZ

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...olhar para dentro de nós se faz urgente



                Ao participar de curso enfocando as relações humanas no mundo contemporâneo, ouvi a sábia colocação de um dos painelistas: “ O séc. XX foi o séc da tecnologia; o séc. XXI será da espiritualidade e da ética”.  Nos momentos de nosso “balanço” de vida característico desta época  de  festas , constatamos isto durante este ano?  Tragédias e acontecimentos   marcaram 2014 e  afligiram   a humanidade.

 

                Penso com Freud que, em sua obra O mal  estar na civilização, já pontuava sobre o poder que o homem adquiriu através de suas conquistas, durante seu percurso pela história, aumentando sua ansiedade e onipotência. E agora, com os avanços tecnológicos, se apresentam os transtornos psicossomáticos, as neuroses, como se o homem estivesse colhendo os frutos da ânsia de superar-se,  num atropelo frenético e muitas vezes desastroso para a  humanidade esquecendo de sua verdadeira essência. Esta constatação  precisa ser substituída pelas nossas atitudes e esperança num mundo melhor, especialmente no final do Ano, quando  não devemos deixar que o consumo desenfreado e sedutor  nos afastem da verdade do Natal: o amor e a fraternidade.

 



            Então, olhar para dentro de nós se faz urgente e por isso, relendo Mather Luther King, que nos anos 60 nos emocionou com seu discurso eloqüente de sonhar um mundo melhor, “ Eu tenho um sonho”, é confortador também podermos  sonhar.

 

            Sabemos que a inquietude revela a essência do ser humano e deve ser exercida em benefício da humanidade. Não importa o lugar em que estivermos , sempre se faz necessário podermos introjetar  as experiências que a vida nos oferece para nosso crescimento pessoal e de nossos semelhantes,  numa troca de amor e solidariedade para um mundo melhor. É isso que a vida espera de nós ... ela precisa de uma retribuição pois nos mantém aqui. Repensar as nossas atitudes frente ao que nos oferece se faz necessário.

 

          No Brasil, nos entristecem as catástrofes nas mais diferentes áreas, haja visto os acontecimentos político-sociais que nos entristecem e angustiam... O homem conquistou e venceu fronteiras  porém está em tempo de exercer o nosso fazer, de modo responsável.

   

          Assim estaremos fazendo  a nossa parte e seremos mais completos  em nossos projetos de um FELIZ 2015 EM PAZ!

 

 

 

 

 

                                                                       

                                                                               

 







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                                                       SAIR DE FÉRIAS

Marrackesh- Marrocos - 2011
  Descansar... conhecer lugares.. visitar parentes ou amigos.. fazer aquela viagem tão aguardada. Mas , o mais importante é pontuar:’ “vou me levar junto”!

Para isso, é preciso estar em paz e ser tolerante com as próprias limitações e carências  assim como  com as  dos outros. Haver planejado o  período de lazer, disposto a sair da Zona de Conforto. Só seremos felizes em nossas férias, se estivermos receptivos aos desafios: um quarto estranho de hotel, ruídos aos quais não estamos habituados para viver um dia intenso que nos espera, conviver com pessoas desconhecidas...mas é nestas trocas que enriquecemos nosso mundo interno.

Simone de Beauvoir, filósofa e escritora francesa, personalidade marcante nos meados do século passado quando  sua obra florescia, escreveu que quando viajava , não se tornava outra mas desaparecia. Contestava assim o que ouviu: “ para que viajar, ninguém sai nunca de si mesmo”.
Glaciar Perito Moreno- janeiro 2013- Patagônia Argentina

E férias sem viagem? Podem ser perfeitas, se pudermos sentir o quanto somos  abençoados por termos uma família com quem  contar e conviver num  cotidiano suave, perceber trocas de sorrisos e olhares sinceros até então invisíveis para nós . É entrar  em contato conosco mesmos e viver a própria experiência, pode levar ao autoconhecimento. É nos darmos um lindo presente. Aquele que jamais esqueceremos, pois vai  de encontro aos nossos anseios. Pelo vazio existencial em que  muitos se encontram, pela ansiedade e stress que o mundo pós moderno nos submete, podemos estar sendo donos  de uma couraça impermeável às emoções e desejos..
Férias com a família

Férias. . É um não fazer nada pleno de sentido quando  oferece  satisfação e contentamento . Importante investimento em nossa saúde emocional...

E como?

 O contato conosco mesmo, pode nos levar a valorizar mais os momentos individuais , a cuidar mais da saúde e a investir nas relações interpessoais. Aceitar desafios é  não cair no marasmo mas as atividades e os lugares devem serem proporcionais às nossas capacidades. Assim seremos protagonistas  da festa, um grande  “dolce farniente”  sem culpas. Não o ócio vazio e hedonista, mas  fazer o que se escolhe,  seja não fazer nada ou correr quilômetros.

Boas férias! Mas sempre consigo junto  e muito bem cuidado!Lembre-se disso...