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Um olhar sobre Marrocos

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Arcos arquitetônicos de exótica beleza.

A tirania dos ditadores, o poder dos reis, da monarquia (secular), originaram uma rebelião nos muçulmanos do norte da África. Países árabes como a Líbia, a Tunísia, Marrocos de um modo mais contido e político e o Egito rebelaram-se contra este sistema. O caos foi iniciado na praça Tahir no Egito, neste mês de fevereiro, com a renúncia do seu ditador pressionado por revolucionários, jovens em sua maioria, que clamam por um modelo de democracia ocidental, na busca da escolha de seu governo através do voto.                                            
      
O que levou os mesmos a isto? As redes sociais presentes na tecnologia, proporcionaram libertar-se da alienação do “deixar como está,” questionando o sistema?

Tive a feliz oportunidade de conhecer Marrocos em janeiro de 2010, junto a um grupo de amigos franceses, quando ainda não havia esta crise muçulmana. O francês é o segundo idioma falado lá, junto ao árabe.

A guarda necessária e
tradicional na mesquita.
Marrocos tornou-se independente da França em 1959, a religião é o islamismo e é uma referência fortíssima. O culto à Alá, é um ritual que emociona a primeira vista: árabes largam seus afazeres, tiram os sapatos para orar em direção à Meca em horários de prece, ajoelhados e concentrados, em grupo ou a sós, onde estiverem.
    
A cidade medieval Fez, misteriosa e exótica, é uma das cidades mais antigas do mundo com suas ruelas e estranhas mulheres com burka ou véu. Casablanca,  (moderna cidade), Marrackech (a “cidade vermelha”, devido a sua arquitetura) com sua grande e fantástica medina Djemaa el Fna, seus souqs (mercados cercados), rodeada pela montanha Atlas. Rabat, a capital, localizada na costa norte
do Atlântico, mostra o esplendor Marroquino.

Acordar às 6 hs da manhã ouvindo o canto entoado em árabe convidando à oração no minarete, (nas torres das mesquitas) foi uma emoção inesquecível.


Dromedários e a paisagem.
 Camelos e dromedários, não tantos como se imagina; mas o suficiente para diferencia-los.

Enfim, uma experiência inesquecível onde o exótico e inusitado reinam de forma absoluta.







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Texto publicado no Jornal NH do dia 14/03/2011.

Viagem ao Leste Europeu

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Quando se viaja sozinha, sentimentos de expectativa, a ansiedade natural, a inquietação e a experiência de desbravar o não-visto, dão lugar a sensação de completude quando tudo se conecta, se articula ao encontrar com um grupo de pessoas das mais diversas nacionalidades e culturas, as quais, durante 20 dias, irão trilhar o mesmo trajeto.

Quando era criança, me encantava com as gravuras no colégio de irmãs, momento em que precisava reproduzir, pincelando na tela tamancos holandeses (que agora sei, são de madeira), moinhos de vento, tulipas, os canais, paisagens. E agora estava lá, na linda cidade de Amsterdã, depois de ter deixado Bruxelas, surpreendentemente bela.

O tour continuou: Berlim  (um toque emocionado nos restos do muro que dividia a cidade até 1989; um olhar no portão de Brandemburgo de significativo valor histórico) e finalmente rumo à Praga. Foi então que me senti novamente estrangeira mas de um modo estranho e inusitado. Na fronteira com a República Checa e por orientação do guia, passaportes em mãos. Chegamos à alfândega. Guardas entram no autobus, pegam todos os passaportes (armados como para batalha). Uma hora de espera; a viagem tinha sido longa, amenizada pela autoestrada espetacular. Finalmente os passaportes de volta para alívio de todos, entregues de mão em mão. Me pareceu que estavam querendo “ mostrar serviço” , aqueles guardas da alfândega checa mas ao mesmo tempo entendi que o comunismo recente deixara suas marcas significativas.

Enfim: Praga. A começar pelo idioma, o qual não se entendia absolutamente nada. Respondiam ao inglês com a mesma má vontade dos franceses. A maioria respondia em checo e ainda esperavam agradecimento. Os que falavam inglês, com certeza estavam ganhando dinheiro: onde estivesse, me via rodeada por canequinhas, camisetas, parecendo que todas aquelas lojas, lindos cubículos medievais agora para turistas, vendiam a mesma reprodução. E me dei conta de que estava na capital da Boehmia, dos cristais incomparáveis do coração da Europa, onde a história levou séculos para construir pontes, castelos, monumentos e ruas estreitas. Não deu para visitar a casa do torturado Kafka mas conheci o famoso relógio no prédio da Prefeitura. Uma aglomeração de pessoas mirando suas máquinas fotográficas para cima, esperam a hora certa onde logo o famoso relógio irá funcionar. Onze horas: abrem-se duas portinhas na torre, rodam figuras surreais, como apóstolos, esqueletos. O relógio é bonito, do séc. XV, incrustado no prédio gótico.

Depois Budapeste, das quais os húngaros se orgulham (com razão). Cortada pelo rio Danúbio, de um lado Buda (cidade velha) e de outro Pest (a parte nova). Tudo é majestoso em termos de arquitetura de mais de 1.000 anos. Parece que pouco está restaurado; é uma cidade envelhecida mas o povo mantém um ritmocontemporâneo deixando transparecer o consumismo incipiente. A noite um passeio de barco, despedida do grupo pelo Danúbio. Foi quando deu para entender porque os húngaros comparam orgulhosamente Budapeste com Paris Iluminado.

Por fim a Viena linda e elegante; depois uma conexão em Paris para voltar ao Brasil e a sensação de que “nunca se volta igual de uma viagem”; a certeza de que a globalização facilita e torna muitas vezes possível a realização de um sonho, da qual não devemos nos privar por mais inacessível que possa parecer. O ser humano precisa de experiências para enriquecer seu mundo interno e assim comprometer-se mais com o próximo, com o seu entorno.





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Texto publicado no Jornal NH do dia 06/11/2007.

O Estresse Pós-traumático

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Constatamos, neste início de milênio, um cotidiano inquieto e inseguro; o mundo contemporâneo caracterizado pelo capital, pelo materialismo, muitas vezes nos coloca à mercê da violência, que se manifesta através de seqüestros, assaltos, enfim, a própria criminalidade, além das catástrofes como tumultos, incêndios, guerras ceifando vidas,que a informação midiática nos traz de todas as formas e a qualquer momento, cada vez com mais freqüência.

E para quem sobrevive à estas tragédias, os danos psicológicos podem ser devastadores. E é então que temos o que foi diagnosticado, nos Estados Unidos, como uma reação de estresse: o estresse pós – traumático, verificado por estudiosos e pesquisadores do comportamento humano após os episódios de Guerras do séc. passado: os soldados, sobreviventes de guerra, manifestavam descompensações psicológicas importantes, como ansiedade, pânico e outros sintomas.

Nos reportando ao nosso cotidiano, percebe-se que há um mal – estar generalizado, uma sensação de vulnerabilidade gerando um clima de tensão. Uma situação traumática, como um assalto, por exemplo, poderá afetar as pessoas que não possuem estrutura psicológica, para lidar de forma satisfatória com a situação (resiliência) e mesmo as mais centradas, podem sofrer um processo de descompensação psicológica.

Existe um limiar de tolerância própria de cada pessoa em relação ao que ela experencia, e quando este limite é ultrapassado, ela poderá desenvolver o estresse pós - traumático, ou seja, a experiência de agressão é vivida como trauma, ocorrendo então sintomas como pesadelos e terrores noturnos, relacionados com o evento traumático; um fenômeno que chamamos de flash back, no qual a pessoa tem a sensação de estar revivendo a situação, como se fosse a cena de um filme; com o passar do tempo, desenvolve-se um estado depressivo crônico, como apatia, irritabilidade, desinteresse por atividades, diminuição da memória e algumas vezes, culpa; a simples presença de algo que lembra a situação traumática pode causar pânico. A pessoa passa então, a evitar situações que possam lembrar o evento que provocou o estresse; pode haver desesperança com relação aos seus planos de vida anteriores à situação traumática.

E é importante perceber que muitas pessoas sobrevivem com mais resistência às experiências devastadoras das pressões do estresse e o que se conclui, é que a resposta aos agentes estressores é o modo de enfrentamento, que é determinado pelas características da personalidade e ao que chamamos de rede de apoio social, encontrada nos vínculos que permeiam a vida do indivíduo (família, amigos etc).



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Texto publicado no Jornal NH em outubro/2010.

O Caos na Russia

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A mídia nos traz a todo o momento, informações sobre a perversão do terrorismo internacional e constatamos, então, que a luta pelo poder não tem fronteiras, como aconteceu na cidade de Beslan, na Rússia, há dias atrás: quase 400 pessoas, em sua maioria crianças, foram vítimas de uma das tragédias mais devastadoras das quais temos notícias.

Assistimos perplexos o sofrimento das famílias desesperadas e em estado de choque, que procuram por parentes desaparecidos; trata-se, com certeza, de um evento traumático que deixará seqüelas psicológicas.

A lembrança nos reporta aos ataques suicidas nas Torres Gêmeas em Nova York e outros tantos atos terroristas. Tentar ter uma idéia do que seja o impacto da devastação física e principalmente psicológica destes episódios, só é possível teoricamente; traumas, perdas trágicas e catrastóficas, com certeza terão como conseqüência traumas psicológicos. A barbárie vivenciada por essas crianças russas, justamente na fase do desenvolvimento de sua personalidade, feitas como reféns, é uma marca que levarão para o resto de suas vidas. Poderão desenvolver o que chamamos de Estresse pós-traumático: os efeitos desta reação aguda de estresse, poderá ocorrer meses depois do trauma, através de manifestações de intensa ansiedade, revivência dos momentos vividos através de flashback, depressão, transtornos do sono, fobias generalizadas, terrores noturnos, agressividade e quadros de psicose com a perda de conexão com a realidade. Ficarão marcadas para o resto de suas vidas, característica de quem sobrevive a grandes tragédias e esta intensidade dependerá da forma que responderão a este episódio bárbaro e perverso, podendo tornar-se adolescentes inseguros e frágeis; precisarão muito do apoio de suas famílias e dos amigos mas o acompanhamento psicológico se fará necessário.

Para estas crianças, será muito difícil compreender uma situação como esta, justamente no momento em que estão criando sua história e alicerçando o seu por-vir.



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Texto publicado no Jornal NH do dia 11/09/2004.

O Estresse no trabalho e as novas tecnologias

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Num enfoque psicossocial, o estresse no trabalho é um fenômeno pessoal e social cada vez mais freqüente e com conseqüências importantes a nível organizacional, intelectual e emocional; vivemos numa sociedade capitalista e globalizada e o contato com as novas tecnologias estão entre as variáveis mais importantes quando estudamos o estresse: o ser humano torna-se ansioso, vulnerável a estes novos desafios cognitivos que permeiam o mundo do trabalho.

A Psicologia do Trabalho, em seus postulados teóricos, tem a preocupação com a saúde psíquica do ser humano inserido em sua atividade laboral. O objeto de estudo é a saúde mental do ser humano; inserido no contexto do Trabalho numa sociedade competitiva, que tem sua historicidade marcada por profundas mudanças, as quais, por delinearem um contato com o novo, o desconhecido, configuram-se como ansiogênicas pela necessidade de adaptação do homem.

Desde a Revolução Industrial no início do século XX, desapareceu o artesão para dar lugar ao trabalhador tendo que dar conta das demandas, de situações muitas vezes incompatíveis às suas respostas cognitivas (intelectuais) e de personalidade; as pressões, o modo de organização do trabalho daí advindos, deram início às preocupações com as psicopatologias do trabalho; no desenrolar dos avanços e descobertas científicas, o homem tem sido cada vez mais solicitado a dar conta de demandas que a sociedade industrializada e agora extremamente tecnológica lhe impõe; e é necessário inserir-se neste viés da ciência sob pena de tornar-se obsoleto, tanto o individuo quanto as organizações.

E fica uma questão: como fica sua subjetividade?

No ambiente de trabalho, quando não é favorecido o necessário ajuste entre as necessidades do funcionário e os fins da instituição, estes podem perceber este ambiente como ameaçador, desencadeando os sinais precoces do Burnout, tais como despersonalização (perda da capacidade de demonstrar afeto), desmotivação, falta de energia, desinteresse pelos clientes, alto absenteísmo, etc.

Felizmente, muitas empresas investem na qualidade de vida e na saúde, com programas para elevar a satisfação de todos os que trabalham nelas, para o aumento da qualidade dos serviços prestados, evitando assim que o estresse laboral se instale e deixando de evoluir para o que seria a Síndrome de Burnout: “la expressión palpable de uma pérdida de ilusiones”, como descrevem Alvarez e Fernandez (1991).

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Texto publicado no Jornal NH do dia 26/08/2003.

Estresse no trânsito

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O estresse é um estado de esgotamento físico e mental que geralmente provoca no ser humano problemas de saúde, como hipertensão, taquicardia, frequentemente suor nas mãos, etc. A ansiedade presente em momentos de intenso estresse (como enfrentar um trânsito caótico), provoca manifestações psicofisiológicas ou psicossomáticas, pois mente e corpo sempre estão interligadas. Quanto mais tempo o ser humano estiver exposto a situações de estresse, maiores são as consequências que afetam sua saúde e qualidade de vida. Estar em situação de estresse ocasionalmente não é prejudicial pois o organismo precisa reagir aos acontecimentos; a permanência pode causar uma infinidade de complicações, entre estas o enfraquecimento do sistema de defesas no organismo, enfermidades; poderemos desenvolver neuroses (fobias, pânicos) “presos” em engarrafamento no trânsito.

Cada indivíduo tem um modo específico de responder aos agentes estressores e enfrentar um trânsito caótico, é um destes agentes e a isto estamos expostos em nosso cotidiano.

De acordo com as características de nossa personalidade, temos mais ou menos capacidade de tolerar e enfrentar horas de engarrafamento, por exemplo. Nesse sentido, quanto mais  o ser humano entende, gerencia e enfrenta (na literatura do estresse chamamos de copping)  as dificuldades que lhe influenciam, melhor se adaptam. Isto se deve ao fato de que as emoções e a saúde da pessoa depende de sua interpretação do mundo exterior ; de sua tolerância aos agentes estressores (caos no trânsito, por exemplo).

O ser humano pode reagir ao caos no trânsito através de respostas comportamentais e emocionais como agressividade, prejuízo em seu desempenho no trabalho, nos vínculos afetivos e em sua qualidade de vida.

Sugestões de como gerenciar e enfrentar o caos no trânsito:
- previamente estarmos prevenidos da possibilidade de enfrentar um engarrafamento através dos meios de comunicação.
- evitar o rush ou pico (horários de maior trânsito).
- sairmos com a antecedência necessária a fim de não chegarmos atrasados ao nosso destino.
-  podermos dispor de instrumentos para amenizar a ansiedade, como ouvir música harmoniosa, pensar em projetos de vida que nos dêem satisfação.
- especialistas em Psicologia do Trânsito aconselham alguns tipos de alongamentos para o bem estar  do corpo, evitando dores musculares.

O Estresse Pós-traumático: Consequência da tragédia do vôo JJ3054

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Perplexidade, dor, sofrimento, indignação. Incrédulos, assistimos a esta tragédia bárbara incinerando vidas e enlutando 200 famílias.

E tentamos através de alguma forma, registrar nossa solidariedade. Muitas vezes escrevendo, na tentativa de racionalizar os acontecimentos e sentimentos.

Pensamos no Stress pós –traumático, fenômeno psicológico descoberto nos Estados Unidos no século passado em estudos com soldados na Guerra do Vietnã, sobreviventes que apresentavam ansiedade, pânico, pesadelos. Estudos recentes, por ocasião da tragédia das Torres Gêmeas em NovaYork,   levaram os pesquisadores a reencontrar sintomas semelhantes em bombeiros que trabalhavam no resgate das vítimas e nos familiares. A partir desta tragédia, cerca de 100.000 nova-iorquinos começaram a sofrer de stress pós-traumático. Isto foi visto em um Congresso Internacional, onde nos foi mostrado que bombeiros, policiais, familiares e amigos das vítimas, nos EUA, são acompanhados por profissionais em Stress, para evitar seqüelas do trauma psicológico, causadas pelo peso emocional da tarefa ou envolvimento psicológico, onde busca-se oferecer apoio imediato, enquanto pessoas envolvidas ainda não criaram defesas em suas emoções.

No Brasil, o assunto ainda é novo mas já existem metodologias: a prevenção, a conscientização, pesquisas e intervenção neste fenômeno do stress.

E agora a tragédia com o vôo 3054 aqui, perto de nós. O nosso cotidiano está inseguro; o mundo contemporâneo caracterizado pelo materialismo, nos coloca frente à catástrofes que a informação midiática nos traz. Percebe-se que há um mal estar generalizado, uma sensação de angustiante vulnerabilidade gerando um clima de tensão.

E os familiares e amigos das vítimas? E o vazio cruel de suas ausências?

Uma situação traumática, poderá afetar pessoas que tem uma estrutura psicológica frágil para lidar enfrentar a situação e mesmo as mais centradas, podem sofrer um processo de descompensação psicológica. Existe um limiar de tolerância em relação ao que elas vivenciam e quando este limite é ultrapassado poderão desenvolver o estresse pós-traumático, ou seja, o reviver do trauma, ocorrendo sintomas como pesadelos, terrores noturnos; momentos de flash back, (a sensação de estar revivendo o evento traumático). Reações depressivas podem ocorrer e também a evitação de situações que relembram a tragédia.

A rede de apoio social surge como importantíssima nestes momentos, através de manifestação de solidariedade frente à extrema dor.

Esta leitura psicológica poderá nos ajudar nas relações interpessoais mas resolver o caos aéreo torna-se impossível para a população, a qual quer uma solução: punir os responsáveis, pelo direito a vida e a dignidade.

Parece que há um embotamento da inteligência, um caos sem solução. Será que todos somos sobreviventes? Até quando teremos que suportar esta situação instalada em nosso país?




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Texto publicado no Jornal NH do dia 27/07/2002.

Olimpíadas de Atenas: O Deus Eros

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Ao assitir a abertura dos jogos olímpicos de Atenas, precebemos o homem alado que pairava, flutuando sobre o desenrolar da abertura deste evento, num espetáculo de rara beleza e significados. O deus EROS, deus do amor, parecia abençoar os participantes, enviando ao mundo uma mensagem de fraternidade.
               
O amor é um dos intintos que nascem com o homem; os filósofos gregos falavam do amor, sonhavam com a imortalidade e questionavam a razão de nossa existência e a nossa finitude. Foi na Grécia que tudo começou e percebeu-se que Atenas é agora poesia contada em mitos; os deuses do Olimpo estão presentes como constitutivos da história; a mitologia grega tem em Atenas, uma cidade abençoada pelos deuses: Hera, Apolo e tantos outros e o mais importante, em se pensando a fraternidade, surge EROS, absoluto, reinando sobre o espetáculo da abertura desta Olimpíada. Os historiadores, com certeza identificaram a prática social nos rituais e nos ícones assim como as mensagens que daí poderiam ser interpretadas, percebendo a distância cultural entre presente e passado, através da historiografia narrada na abertura dos jogos olímpicos.

Na Grécia nasceu a democracia, o teatro, a história a filosofia e agora, no século XXI, todos os olhares convergem para Atenas de 789 AC, imagens vistas e representadas através de ícones que nossa percepção permite interpretar.

Em Olímpia tudo começou e o espetáculo representado pelo logotipo que identifica as olimpíadas, parece pedir união fraterna entre as nações, apelo representado pelos cinco anéis ou círculos que representam os cinco continentes deste planeta que enlaçados, sugerem união e paz.

E, no final desta cerimônia, como resultado do poder do homem e dos avanços da ciência que parece infinitos, vimos  a representação do DNA  e refletimos: o homem começa a brincar de Deus mas esperamos que o faça com sabedoria e ética.




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Texto publicado no Jornal NH do dia 18/08/2004.

Os heróis do Chile

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O planeta  acompanhou emocionado, nesta semana, o resgate dos 33 mineiros soterrados por 2 meses, confinados num ambiente subterrâneo e insalubre, na mina San José, deserto do Atacama, Chile.

Na cena, mais de 1.000 jornalistas acompanharam um  renascer: o emergir do  "útero" da terra, um a um, homens altivos e felizes no reencontro com a vida e suas famílias.

A nação chilena mal se recupera do terremoto no início do ano mas a solidariedade, a religião e a fé, aliadas  a alta tecnologia e a um essencial improviso, fez  a catástrofe transformar-se em momento de orgulho, comprovando a importância da organização e  união de um grupo. Momento importante para o presidente Piñera, que uniu os países sul americanos, independente do viés ideológico e político.

Mas fica um importante questionamento:
Qual o impacto psicológico nestes trabalhadores?
Nunca mais serão os mesmos.Existe o risco de sofrerem de TEPT (Transtorno de estresse pós-traumático) que se caracteriza  por pesadelos, momentos de Flashback (revivência dos episódios traumáticos), irritabilidade, insônia, pesadelos, terrores noturnos, depressão, ataques de ansiedade, desesperança. Vai depender do que chamamos de resiliência ou “força” psicológica e do apoio social proveniente de suas famílias e da rede social. Existem pesquisas feitas neste sentido com sobreviventes de guerra e tragédias de fenômenos da natureza.

Serão então auxiliados a superar o trauma do confinamento e relembrarem do ocorrido como uma tragédia com final feliz.



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Texto publicado no Jornal NH do dia 25/10/2010.

Carnaval: Resgate da História

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 “A lua iluminada chorou tanto, que de seu pranto nasceu o rio e o mar”. Esta frase sensibiliza; além de sua beleza traduz o que a Psicologia e áreas afins, como a História, chama de manifestação de Identidade Grupal. Faz parte do samba enredo de uma das escolas de samba que desfilou no Rio: fala sobre as belezas naturais do Brasil.

Ver o carnaval neste viés de cultura, nos previlegia. Sabemos que faz parte de um dos maiores espetáculos da terra a aprender a interpetar assim o carnavalesco, nos faz entender as diversas práticas culturais pelas quais o homem, através da história, constrõe e transmite a difusão da cultura, de norte a sul.

Desvendar os segredos, os mitos através dos ícones (personagens e alegorias) que desfilam na passarela do samba, é o que podemos fazer; ver e “ler” o carnaval assim, é um aprendizado; entender a questão do homem, a antropologia, é viajar pela história da civilização e fazer a analogia de que o carnaval é um teatro, onde a convivência das escolas, num cenário de alegria, de bom humor, muitas vezes de ironia e de resgate do conto histórico, parece fazer parte de nosso show: um espetáculo grandioso sem ser luxuoso, tendo o asfalto como passarela, onde desfila a crítica social.

Não se trata aqui de questionar o papel da mídia e os caminhos que levam este evento a um “espetáculo para turistas”; nos apelos de sensualidade. Estamos dentro de um enquadre histórico, de um imaginário coletivo, como colocaria Jung, psicanalista dessidente de Freud.

Entender a essência do carnavalesco, perceber a seriedade com que a maioria dos integrantes desfilam, cantam o samba enredo, é perceber este espetáculo como a representação da realidade histórica, a sua identidade étnica, num rito representativo do clamor de um povo; a sua herança cultural.

Carnaval não é só diversão; é representação; é denuncia da identidade grupal, que, através de seus ícones, podem interpretar e ler como num texto a realidade histórica, seus meandros. Cada povo representa à sua maneira; em Veneza usam máscaras e no Brasil se desvelam através de suas fantasias a nossa história.

Mas, fica  em nós um vazio, vários “senões” ; a nostalgia das marchinhas de carnaval, dos carnavais de salão que agora são substituídos pelo axé, etc. e assim o carnaval vai perdendo sua essência. E aqui podemos nos lembrar: “ Pierrô está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão”




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Texto publicado no Jornal NH do dia 25/02/2004.

A época do Natal e Final do Ano

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A época do Natal e Final de Ano, nos leva a um movimento interno, reflexivo e privado, que acontece de modo automático, como sendo um “ mergulho” em nosso interior. Ocorre uma auto-avaliação, um “balanço” do que foi realizado no ano que está terminando. Ao mesmo tempo, projetos são feitos, quando então firmamos um “encontro marcado” com a felicidade no “ano que vai nascer”, canalizando nossas emoções e expectativas no sentido de sermos pessoas mais completas.

Mas, já nas compras de Natal, não podemos desvirtuar o sentido desta data tão singular. O presente é simbólico, o valor é afetivo, tem a ver com nossa emoções e significados; então, a felicidade não poderá ser encontrada em compras exageradas, num atropelo frenético e estressante, num consumo desenfreado e sedutor que poderá nos afastar da verdade do Natal: amor e fraternidade. Presentear deve ser  um gesto de amor mas também poderá estar refletindo um modelo materialista. Muitas vezes um abraço, um olhar, uma demonstração de afeto verdadeiro, um gesto, nos deixarão bem felizes e o presente deve demonstrar o carinho que tivemos ao escolhe-lo .

E como planejar para que 2012 seja melhor e projetar a realização de nossos sonhos?
Tenho a convicção de  ser uma questão de  atitude, de mudanças no modo de pensar e viver: que as pessoas contemplem seu desejo básico de saúde e bem estar, entendendo que o bem estar é  uma forma de encarar a vida e o trabalho; permitir a manifestação de seu potencial criativo para empreender  novas tentativas, sem medo de errar; mas para isso, devem de alguma forma, conhecer mais a si mesmas, cuidar mais de si, espiritualizar-se mais por meio de leituras, companhia de boas pessoas pois  um Ano Novo melhor, depende em primeiro lugar, de nossas mudanças internas. As relações saudáveis são marcadas pela verdade e respeito mútuos e a Qualidade de vida depende de nosso constante e deliberado esforço para encontrá-la, pois somos os autores de nossa própria história.

Assim  seremos mais felizes no próximo ano, pois se nos organizarmos internamente, a nossa tranqüilidade vai refletir em nossa atuação também no âmbito do trabalho, pois o mesmo deve ser fonte de prazer e satisfação.

Então, planejamento se faz necessário; importante a antecipação e preparativos para festejar, evitando assim  o estresse, que poderá anular o brilho e a essência do verdadeiro sentido do Natal e de uma passagem de Ano Novo feliz.

Devemos ter metas a serem alcançadas no próximo ano; elas nos impulsionam ao crescimento mas não devemos deixar  que superem a nossa capacidade de alcançá-las; cada ser humano é único, com sua qualidades, carências e limitações.; assim estaremos dando os limites necessários às nossas expectativas, sem frustrações. Estaremos fazendo a nossa parte e seremos mais felizes em nossos projetos de um Feliz 2012 em PAZ!


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Texto publicado no Jornal NH do dia 31/12/2011.

Eu tenho um Sonho

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Ao participar de curso enfocando as relações humanas no mundo contemporâneo, ouvi a sábia colocação de um dos painelistas: “...o séc. XX foi o séc da tecnologia; o séc. XXI será da espiritualidade e da ética”. Isto leva a pensar se nos momentos de  retrospectiva constatamos isto neste final de ano., haja visto as tragédias que  marcaram 2010 e que afligiram  o ser humano.

Penso com Freud, que em sua obra O mal estar na civilização, já pontuava sobre o poder que o homem adquiriu, através de suas conquistas durante seu percurso pela história, aumentando sua ansiedade e onipotência .   E agora, com os avanços tecnológicos se apresentam os transtornos psicossomáticos, as neuroses, como se o homem estivesse colhendo os frutos de sua vontade de superar-se, num atropelo frenético e muitas vezes desastroso para a  humanidade. Esta constatação pessimista, precisa ser substituída pela nossa esperança num mundo melhor, especialmente no final do Ano, sempre  caracterizado por festas de confraternização mas que não devemos deixar que o consumo desenfreado e sedutor  nos afastem da verdadeira essência do Natal: o amor e a fraternidade.

Então, sonhar se faz necessário, olhar para dentro de nós se faz urgente e por isso. lembrando Mather Luther King, que nos anos 60 nos emocionou com seu discurso eloqüente de um mundo melhor, surge  a constatação  de também ter sonhos .
Então,
EU TENHO UM SONHO:
 Um sonho em sentir o equilíbrio entre as diversas dimensões de nossa vida.
... em que as pessoas contemplem seu desejo básico: saúde e bem estar.
... em entender que o bem estar é uma atitude, uma forma de encarar a vida e o trabalho.
...  em colocar o amor em movimento, acendendo a luz em nossos corações.
... em que o ser humano se sinta acolhido e querido por si mesmo, pois só assim será amado pelo outro.
... em que permita a manifestação de sua essência criativa e de sua capacidade de ser feliz, sentindo-se livre para empreender novas tentativas sem medo de errar.

Sim, eu tenho um sonho.
... em que as pessoas possam conhecer mais sobre si mesmas.
... em que o trabalho seja fonte de prazer e satisfação.
... em perceber que as relações saudáveis são marcadas pela verdade e respeito mútuos.
... em  entender que a qualidade de vida é uma grande jornada, um constante e deliberado esforço para atingir o nosso mais alto potencial.

Enfim,  sermos responsáveis  pela nossa caminhada.

A inquietude revela a essência do ser humano. Não importa o lugar em que estejamos; seja navegando nas gôndolas de Veneza,ameaçada  pelo subir e descer das marés  como consequência do aquecimento  global em resposta da natureza  às ações do homem ou contemplando o Danúbio embelezando Viena mas constatando que ele não é mais tão azul como outrora a literatura nos trazia. O homem conquistou e venceu fronteiras  porém está em tempo de exercermos o  nosso fazer  de modo responsável.

Assim estaremos fazendo a nossa parte e seremos mais felizes em nossos projetos de um FELIZ 2011 EM PAZ!



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Texto publicado no Jornal NH do dia 31/07/2001.