O LIVRO: do papiro à cyber leitura

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Huxley já preconizava ...









Ler é trabalhoso?

Como assim.... em uma época da cibernética, quando se confunde informação com conhecimento, a leitura se torna um ato automático e as respostas chegam até nós a um clique no Google? Os algoritmos entendem nossas dúvidas, questões antes mesmo de terminar de digitá-las. Para que pensar? Pode ser que os recursos visuais da Internet seja o recurso mais popular ( as fotos , gifs animados).Tentadores recursos... fáceis dominadores de nossa capacidade criativa. Ao mesmo tempo, nos aproximam da informação imediata. Espetáculo esta era em que vivemos, repleta de paradoxos que desafiam nosso equilibrio psíquico. Seres privilegiados, somos nós, sempre desafiados nesta era que Adouls Huxley já profetizava em sua obra " O admirável Mundo Novo". Em meados do século passado leitura indicada pelo colégio que eu frequentava: um futuro hipotético que às vezes me parece se confirmar de forma assustadora. Inseminação artificial,as descobertas científicas,o DNA e outros sinais do que Huxley preconizava há 80 anos atrás.

o papiro egípcio



E como surgiu o livro? Com certeza de uma longa tragetória... caminho percorrido terminado? Questiono este processo finito, agora que as mídias virtuais mais e mais o adotam. Mas jamais terão seu cheiro, o das folhas amareladas... das brancas re-folheadas.


Sabemos que, através da história, o livro teve uma trajetória muito peculiar. Genuína... longa. Na Antiguidade surge a escrita, o texto e o livro. A escrita consiste de códigos: palavras.

Os primeiros suportes utilizados para a escrita foram tabuletas de argila ou de pedra.Depois o papiro egípcio e o pergaminho.Após, um longo caminho até a idade Média, onde a leitura se dava em público. Surgiu então, a figura do editor qdo os livros eram adquiridos em livrarias para o lazer.O livro continua sua evolução e na Idade Moderna, no Ocidente,em 1445, Johannes Gutenberg inventa a imprensa surgindo o primeiro livro: a Bíblia em latim.Depois disso, a tipografia para atingir o grande público e a confiabilidade do texto, no ato de ler.


Longo processo que possibilitou a leitura. E foi preciso aprender a ler: decifrando signos, códigos. Assim também foi nossa alfabetização!



.... decifrando signos e códigos 

E neste mes, muitas homenagens. Em várias cidades do entorno, feiras e comemorações a este amor antigo, que com a cumplicidade do abajour, continua iluminando os escritos onde histórias são lidas: o livro.
Sempre parceiro, embala sonos até a total entrega das pálpebras pesadas ... fidelidade eterna.
O livro sobre-vive aos avanços da “cyber leitura” numa convivência pacífica. Marca assim, sua infinita presença, contrariando as previsões de que a tecnologia iria substituir o peculiar cheiro que emana de suas páginas folheadas, avisando a dança das letras.
Do papiro à Gutenberg, do leitor voraz ao En passant do olhar distraído.
Prost, Dumas, Nietzche mais a infinita listagem da contemporaneidade: Hanna Arend, o tudo atualizado. O livro continua em seu repouso no berço que o acolhe: a biblioteca, a fiel estante.
a fiel estante...
Quanta evolução registrada: usos, costumes e valores, relatos da ciência.
Repousa em bancos, cadeiras, sofás.. esperando um toque. Jamais esquecido, retido na alma, nos “restos diurnos” que em nossos sonhos retornam.

Livro: de infinitas possibilidades. Do gostar e desgostar. Da crítica. Das enciclopédias... das Obras Completas de S. Freud. Também Camões. De Machado de Assis, as Memórias Póstumas e Dom Casmurro... contagem infinita.
Das biografias e dos biografados...polêmica situação.
Das metáforas e dos efeitos. Benevolente, o livro oferece páginas, várias, para falar de amor. Mas também precisa se abrir ao desamor, desafetos, ao bem e ao mal. Guerra e Paz, de Tolstói! Difícil leitura na eterna obra.

ENFIM, A TI IMORTAL LIVRO uma reverência, como só fazem os amos aos seus senhores, pois "Um país é feito de homens e livros", como Monteiro Lobato definiu e consagrou.

A chuva e a mãe natureza

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Muita, muita chuva nas pedras da minha rua. A visão de um espelho d´água vitrificado traz recordações.

Não sinto mais o cheiro puro da grama molhada de minha infância. Também não esqueço de um passado recente....daquele espaço onde meus pés quase tocavam a terra úmida enquanto andava pela casa estrategicamente construída quase ao rés do chão.. um tabuão lindo e lustroso me separava da terra que deixava brotar a " Sempre verde", o tapete verde  da natureza.  Caiam pingos de chuva de um céu choroso no gramado caprichado do meu viver.. do meu fazer prazeiroso. A arquitetura posicionara a queda da chuva, exatamente nos seixos que tiraram do fundo de um rio que ficou triste.Foi enfeitar a linda casa de alguns anos distantes....

Agora, vários andares e o barulho dos elevadores me separam da pátria terra. Não ouço mais o "ritmo dos pingos da chuva ao cair no chão.. só me deixam recordar" como aquela antiga música. Eles caem nos motores dos ares condicionados. Sons metálicos... Ali eles marcam a sua queda e não formam mais aquela orquestra de pingos de chuva que caiam nos seixos e nas flores. Embalavam meu sono... Agora,observo da janela os cúmbulus - nimbus, as nuvens pesadas se aproximando, possantes. E depois do raio caído, o trovão da brava natureza. Sim, mãe que chora pela ingratidão de seus filhos.




Me pergunto: porque gostar tanto de chuva? Das "lágrimas do céu"? Assim eu a interpretava enquanto crescia. Porque ela me aconchega, me envolve , me "acalma a alma"?
Deve ser o inconsciente infantil aquele bem primitivo de amnésia dos primeiros 4 anos.Não recordamos nada! Vazio total para lembranças não traumáticas. Mas, lembro da casa da minha avó, do puxa-puxa que ela fazia nos dias de chuva. Ficava com os dedos marrons de melado.. doces lambuzados que jamais esquecerei. Penso então, que minha mãe me acarinhava mais nestes dias de choro do céu, renovando a natureza. Procuro explicações.. muitas pessoas não gostam de chuva. Talvez minhas pernas eram molhadas suavemente pela chuva de minha meninice da cidade do interior. Enquanto caminhava, sentia o cheiro da terra vermelha... onde tudo parece mais genuíno, mais terra, mais ar, mais infância. Só pode ser isso, penso enquanto olho o céu gris, tentando ver o horizonte tapado pela névoa molhada.



Mas, quando a natureza chora demais, acontecem tragédias, eventos da natureza. Respostas que ela dá aos que ela desrespeitaram. Nós.. nós mesmos.




 Uma questão de cultura. Em minha geração, não nos ensinaram o suficiente sobre os caprichos da mãe natureza e agora estamos tentando reparar este erro, ensinando aos nossos filhos e netos a respeitá-la, acarinhá-la. A escola continua este processo em seus ensinamentos cognitivos e dinâmicos mostrando que a mãe natureza está muito revoltada, muito triste, foi maltratada por muito tempo. Lixos malcheirosos entopem bueiros,o gás carbônico dos carros deixa as folhas verdes das árvores cobertas de cinza turva. Está quase agonizando. Mas num quase ressuscitar, ei-la guerreira se revoltando com uma fúria incontida, alagando, o vento derrubando, tsunamis destruidores dilacerando seios familiares. Enchentes traumatizam a alma de muitos semelhantes. Sem piedade,certamente carregam consigo muitas fotografias de histórias de famílias, seus pertences. Todos com seus significados. Nunca saberemos. Toda a família tem seus segredos familiares, como afirma a Psicologia. Fazem parte da construção de suas histórias e identidade enquanto grupo social..As vítimas das enchentes tem agora mais este capítulo triste.. traumático . Jamais esquecerão. Traumas ficam marcados. Cicatrizam... mas a marca está presente.. de forma definitiva, como um quelóide que nunca desaparecerá.

Queda da Bastilha ? Um "dé jà vu"?

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Séculos se passaram. Situações em um país muito novo,
enorme e desproporcional em suas distribuições: Brasil.




16 de junho de 2013- Um clique na TV:  manifestações grupais em muitas  capitais do Brasil , perplexidade inicial. Concretizava-se o que  nas  Redes Sociais,  vinha delineando-se . Facebook e Twitter: a casa de filhos órfãos desta pátria mãe gentil. Desesperançosos, ansiosos, revoltados. Pelo mundo virtual foram despertados,  saindo da  letargia, de um sono intenso. Muitos jovens , com a companhia experiente de olhos que já vislumbraram muito neste mundo, deslocavam-se para pontos principais das grandes capitais e cidades de nosso querido Brasil. Novo Hamburgo: cenário de uma passeata cordata e esperançosa de dias melhores, reinvindicados pelos seus passos firmes e decididos, no asfalto brilhoso  do tanto andar, impregnado de tanta história.

A queda da Bastilha
  Mas, no dia seguinte , atônita vislumbrei que aqueles movimentos que se manifestavam pacificamente, viraram  batalha, em frente à Prefeitura de São Paulo. Barbárie, violência. Descontrole e Contágio Grupal: o indivíduo comporta-se de modo diferente de que quando sozinho. É influenciado pela coesão do ideal de grupo. Senti como um já visto.Um Dé Jà Vu.  Me parecia que estava vendo cenas do que havia estudado em minha adolescência nos bancos escolares. Mas en passant para tamanho evento. Sempre soube o que representou a Queda da Bastilha para a Revolução Francesa em 14 de julho de 1789. É pitoresco saber: a história conta que um jornalista francês, saiu a dizer pelas ruas,que as tropas reais estavam prestes a desencadear uma repressão sangrenta sobre o povo de Paris, e que todos deveriam socorrer-se de armas  para defender-se. A multidão então , dirigiu-se aos Inválidos, um antigo hospital que abrigava um número razoável de armas.
Os Inválidos: antigo hospital .2013
A massa insurgente era o povo.Houve um descontrole da guarda que atirou da Bastilha.  O povo que estava reunido na praça em frente, indignado reuniu-se partindo para a invasão e massacre.Para os franceses da época, foi um espetáculo que espalhou-se rapidamente por toda a Europa. O reinado de Luis XVI, o luxo e um  sistema político-financeiro desigual: causas. E mais.A burguesia descontente, a nobreza não conseguindo criar uma Constituição. Com a invasão da Bastilha, a constituiçao surgiu. A  Classe Média havia formado  a Guarda Nacional, com suas rosetas em azul, branco e vermelho que logo se tornariam o símbolo da revolução e do país. Os intelectuais da época vibraram pois sabiam de um mundo novo que se aproximava e sinalizava mudanças.E Immanuel Kant, atrasou-se para seu passeio rotineiro das 18 hs, na Prússia. As notícias chegaram mesmo muito  longe. Com boas novas à sua filosofia natural e ética herdada de Rousseau e que embasou Marx, Nietszche, Schoppenhauer.Nova França!A crise como sempre em sua essência, provocou mudanças.

Séculos se passaram. Outro lado do Atlântico. Situações se repetiram  num país muito novo, enorme e desproporcional em suas distribuições de muitas naturezas. Mas o momento é único no Brasil. O início se deu em Redes Sociais como na Primavera Árabe. Democracia exercida em meio à desorganizaçãoMas todo o movimento social reflete a desorganização pois a emoção está presente e então os sentimentos predominam. Razão X Emoção. A democracia permite  a desorganização mas não as agressões.
Clamor das massas . Sem agressões, fantásticas! Exigindo a presença da polícia, o caos. Bombas de gás lacrimogênio,pedras lançadas um contra o outro.
E o que estes dias de tumulto e apreensão nos trarão?
A esperança de uma nova política. Tudo estava sem encanto. E quem somos nós, os brasileiros?
Queremos reinventar uma vida nova e a democracia é um processo de quem participa.
Não temos pressa. Queremos um tempo de entendimento,de caminhar com prudência numa dinâmica de diálogos.
A democracia foi percebida!
Enganou-se quem pensava que a Copa seria a grande emoção. Somos uma sociedade urbana e esta urbe está cada vez mais interessante.
E qual o desfecho?
Esperemos agora um  final feliz para fechar o capítulo desta historia. Também a nova classe média nasceu. E agora cobra os seus direitos.
Por sua vez, a mídia internacional, traz o exterior satisfeito com a reação brasileira... já foi cenário de muitas situações parecidas. E sabemos que existem muitas causas de nossa insatisfação,que as passagens de ônibus constam aqui neste enredo, apenas como uma gota d´água. O copo apenas transbordou, pois existem queixas bem mais sérias.
E todos sabem da força das redes sociais e da importância na comunicação. Levarão seu recado às urnas em 2014. É lá que terminará este processo. Agora os partidos políticos parecem invisíveis e o que vale é entender a linguagem dos jovens.  E o nosso bom senso. Subestimar as redes sociais é distanciar-se deles, pois descobriram sua força.


Subestimar as redes sociais é distanciar-se deles, pois descobriram sua força.



O contágio social: o indívíduo num grupo, comporta-se de um modo muito diferente
de que faria se estivesse sozinho


Galeria de fotos II- Mont Blanc-Chamonix

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Introdução: A história de uma amizade, que tornou possível esta encantadora viagem.

Década de 1960- Porto Alegre, Prêmio Bento Gonçalves, Hipódromo do Cristal: onde tudo começou.

Meu pai tinha um Fuca branco. Lindo e meu cúmplice: parceiro de sonhos e namoros. O radinho no qual ouvia Al di lá... as músicas de Chico e Gil... Edith Piaff ... Charles Aznavour, Nico Fidenco.. era ligado simultaneamante com o girar da ignição. Não poderia perder tempo. Os impulsos da juventude assim o exigiam.
Domingo à tarde, meu sorriso como companheiro tinha uma aliada: a ansiedade, pois sabia que iria rever aquele olhar do lindo moço do outro domingo, iriamos "flertar", olho no olho que parecia que mexia com todos os meus sentidos.... Sim, era este o termo: flertar e só depois do casamento, finalmente o "grand finale". Destino: Ipanema às margens do Guaiba ... a felicidade.
Para isso, as amigas eram indispensáveis. Nunca gostei da solidão, nunca me fez sorrir. No máximo um sorriso de Mona Lisa. Enigmático e melancólico esgar de lábios.
Enquanto o meu outro olhar me esperava em Ipanema, um impulso nos levou à uma parada no Hipódromo do Cristal. Afinal era a grande tarde do turfe: "O Prêmio Bento Gonçalves". Muitos flertes? Talvez, bem possível. Afinal éramos 5 lindas moças à espera de momentos inéditos, fantásticos. E um olhar, um sinal , poderia nos levar a um namoro. Quem sabe.
Era puro glamour  a ante sala do Hipódromo, recém inaugurado.
Perto de onde estávamos,um trio de homens jovens falavam com a eloquência que bem mais tarde, saberia que era a inata linguagem impositiva francesa. Estavam tentando decifrar uma tabela do turfe.Nome dos cavalos que correriam.. prêmios. Lembro que imaginávamos o nome do cavalo em quem queriam apostar: D´Artagnan.Como um dos Três Mosqueteiros de Alexandre Dumas.  Uma amiga, chegou-se a eles e serviu-se  de seu alegre charme e aprendizado   da Aliança Francesa. Foi "socorrer" a tradução do ansioso francês engenheiro. Naquela década muitos engenheiros franceses vinham ao Brasil. Porque? Motivos políticos? Afinal era época de rebeliões no ocidente.. Este belo francês, seria um ano depois, seu marido, aliança a qual ajudei a abençoar. Fui madrinha de seu casamento. E  houve reciprocidade : eles mais tarde,  como padrinhos da minha união. Depois de alguns anos, foram morar na França, em Samois- Sur- Seine, près Fontainebleau, onde tiveram 3 filhos e netos. Meu amigo, grande figura humana,  já não está mais aqui. Um câncer o levou . Minha amiga agora, vive de recordações e da alegria dos netos, numa aconchegante casa, quase à beira do Sena.E esta alegria se completa quando as suas amigas do Brasil vão visitá-la.  Em 2011, realizei junto com ela, minha comadre amiga-irmã, um sonho. Conhecer Mont Blanc, a montanha linda nos Alpes franceses.
Então, voilá, vamos viajar:


No trem TGV- Saída na Gare du Nort.Paris
Chegada em St. Gervais










Hotel em St Gervais












                                           
Passeio

                                        







Eternas amigas




O esquiador






Chegada em Chamonix
Passeio  em Chamonix-Mont Blanc
Subida de teleférico à Aiguille du Midi. Mont Blanc- 3.842 mts
Monte Blanc- Auguille du Midi
Primeiro estágio da subida à Aiguille du Midi- Mont Blanc. Espetáculo!
A mão da Russa anônima


Teleférico: subindo o Mont Blanc
Aiguille du Midi
O simpático esquiador suíço.

Contamines.Linda village perto de Chamonix

Delicioso Founde
Fim - realização de um sonho. Hotel em St. Gervais

Inesquecível experiência.

CHAMONIX, aos pés  do Mont Blanc- a maior montanha da Europa- é uma cidade bela e charmosa, lugar fascinante. Centro de SKI, abriga as fronteiras de  3 países: França, Itália e Suíça. Vindo de Paris com o trem TGV, 5 horas de viagem até St. Gervais  e mais transfer até  village de Chamonix.
MONT BLANC atinge a altura de 4810 mts. Vai-se de teleférico até Aiguille du Midi, 3842 mts de altitude em 20 minutos.