Queda da Bastilha ? Um "dé jà vu"?

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Séculos se passaram. Situações em um país muito novo,
enorme e desproporcional em suas distribuições: Brasil.




16 de junho de 2013- Um clique na TV:  manifestações grupais em muitas  capitais do Brasil , perplexidade inicial. Concretizava-se o que  nas  Redes Sociais,  vinha delineando-se . Facebook e Twitter: a casa de filhos órfãos desta pátria mãe gentil. Desesperançosos, ansiosos, revoltados. Pelo mundo virtual foram despertados,  saindo da  letargia, de um sono intenso. Muitos jovens , com a companhia experiente de olhos que já vislumbraram muito neste mundo, deslocavam-se para pontos principais das grandes capitais e cidades de nosso querido Brasil. Novo Hamburgo: cenário de uma passeata cordata e esperançosa de dias melhores, reinvindicados pelos seus passos firmes e decididos, no asfalto brilhoso  do tanto andar, impregnado de tanta história.

A queda da Bastilha
  Mas, no dia seguinte , atônita vislumbrei que aqueles movimentos que se manifestavam pacificamente, viraram  batalha, em frente à Prefeitura de São Paulo. Barbárie, violência. Descontrole e Contágio Grupal: o indivíduo comporta-se de modo diferente de que quando sozinho. É influenciado pela coesão do ideal de grupo. Senti como um já visto.Um Dé Jà Vu.  Me parecia que estava vendo cenas do que havia estudado em minha adolescência nos bancos escolares. Mas en passant para tamanho evento. Sempre soube o que representou a Queda da Bastilha para a Revolução Francesa em 14 de julho de 1789. É pitoresco saber: a história conta que um jornalista francês, saiu a dizer pelas ruas,que as tropas reais estavam prestes a desencadear uma repressão sangrenta sobre o povo de Paris, e que todos deveriam socorrer-se de armas  para defender-se. A multidão então , dirigiu-se aos Inválidos, um antigo hospital que abrigava um número razoável de armas.
Os Inválidos: antigo hospital .2013
A massa insurgente era o povo.Houve um descontrole da guarda que atirou da Bastilha.  O povo que estava reunido na praça em frente, indignado reuniu-se partindo para a invasão e massacre.Para os franceses da época, foi um espetáculo que espalhou-se rapidamente por toda a Europa. O reinado de Luis XVI, o luxo e um  sistema político-financeiro desigual: causas. E mais.A burguesia descontente, a nobreza não conseguindo criar uma Constituição. Com a invasão da Bastilha, a constituiçao surgiu. A  Classe Média havia formado  a Guarda Nacional, com suas rosetas em azul, branco e vermelho que logo se tornariam o símbolo da revolução e do país. Os intelectuais da época vibraram pois sabiam de um mundo novo que se aproximava e sinalizava mudanças.E Immanuel Kant, atrasou-se para seu passeio rotineiro das 18 hs, na Prússia. As notícias chegaram mesmo muito  longe. Com boas novas à sua filosofia natural e ética herdada de Rousseau e que embasou Marx, Nietszche, Schoppenhauer.Nova França!A crise como sempre em sua essência, provocou mudanças.

Séculos se passaram. Outro lado do Atlântico. Situações se repetiram  num país muito novo, enorme e desproporcional em suas distribuições de muitas naturezas. Mas o momento é único no Brasil. O início se deu em Redes Sociais como na Primavera Árabe. Democracia exercida em meio à desorganizaçãoMas todo o movimento social reflete a desorganização pois a emoção está presente e então os sentimentos predominam. Razão X Emoção. A democracia permite  a desorganização mas não as agressões.
Clamor das massas . Sem agressões, fantásticas! Exigindo a presença da polícia, o caos. Bombas de gás lacrimogênio,pedras lançadas um contra o outro.
E o que estes dias de tumulto e apreensão nos trarão?
A esperança de uma nova política. Tudo estava sem encanto. E quem somos nós, os brasileiros?
Queremos reinventar uma vida nova e a democracia é um processo de quem participa.
Não temos pressa. Queremos um tempo de entendimento,de caminhar com prudência numa dinâmica de diálogos.
A democracia foi percebida!
Enganou-se quem pensava que a Copa seria a grande emoção. Somos uma sociedade urbana e esta urbe está cada vez mais interessante.
E qual o desfecho?
Esperemos agora um  final feliz para fechar o capítulo desta historia. Também a nova classe média nasceu. E agora cobra os seus direitos.
Por sua vez, a mídia internacional, traz o exterior satisfeito com a reação brasileira... já foi cenário de muitas situações parecidas. E sabemos que existem muitas causas de nossa insatisfação,que as passagens de ônibus constam aqui neste enredo, apenas como uma gota d´água. O copo apenas transbordou, pois existem queixas bem mais sérias.
E todos sabem da força das redes sociais e da importância na comunicação. Levarão seu recado às urnas em 2014. É lá que terminará este processo. Agora os partidos políticos parecem invisíveis e o que vale é entender a linguagem dos jovens.  E o nosso bom senso. Subestimar as redes sociais é distanciar-se deles, pois descobriram sua força.


Subestimar as redes sociais é distanciar-se deles, pois descobriram sua força.



O contágio social: o indívíduo num grupo, comporta-se de um modo muito diferente
de que faria se estivesse sozinho