O Estresse Pós-traumático

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Constatamos, neste início de milênio, um cotidiano inquieto e inseguro; o mundo contemporâneo caracterizado pelo capital, pelo materialismo, muitas vezes nos coloca à mercê da violência, que se manifesta através de seqüestros, assaltos, enfim, a própria criminalidade, além das catástrofes como tumultos, incêndios, guerras ceifando vidas,que a informação midiática nos traz de todas as formas e a qualquer momento, cada vez com mais freqüência.

E para quem sobrevive à estas tragédias, os danos psicológicos podem ser devastadores. E é então que temos o que foi diagnosticado, nos Estados Unidos, como uma reação de estresse: o estresse pós – traumático, verificado por estudiosos e pesquisadores do comportamento humano após os episódios de Guerras do séc. passado: os soldados, sobreviventes de guerra, manifestavam descompensações psicológicas importantes, como ansiedade, pânico e outros sintomas.

Nos reportando ao nosso cotidiano, percebe-se que há um mal – estar generalizado, uma sensação de vulnerabilidade gerando um clima de tensão. Uma situação traumática, como um assalto, por exemplo, poderá afetar as pessoas que não possuem estrutura psicológica, para lidar de forma satisfatória com a situação (resiliência) e mesmo as mais centradas, podem sofrer um processo de descompensação psicológica.

Existe um limiar de tolerância própria de cada pessoa em relação ao que ela experencia, e quando este limite é ultrapassado, ela poderá desenvolver o estresse pós - traumático, ou seja, a experiência de agressão é vivida como trauma, ocorrendo então sintomas como pesadelos e terrores noturnos, relacionados com o evento traumático; um fenômeno que chamamos de flash back, no qual a pessoa tem a sensação de estar revivendo a situação, como se fosse a cena de um filme; com o passar do tempo, desenvolve-se um estado depressivo crônico, como apatia, irritabilidade, desinteresse por atividades, diminuição da memória e algumas vezes, culpa; a simples presença de algo que lembra a situação traumática pode causar pânico. A pessoa passa então, a evitar situações que possam lembrar o evento que provocou o estresse; pode haver desesperança com relação aos seus planos de vida anteriores à situação traumática.

E é importante perceber que muitas pessoas sobrevivem com mais resistência às experiências devastadoras das pressões do estresse e o que se conclui, é que a resposta aos agentes estressores é o modo de enfrentamento, que é determinado pelas características da personalidade e ao que chamamos de rede de apoio social, encontrada nos vínculos que permeiam a vida do indivíduo (família, amigos etc).



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Texto publicado no Jornal NH em outubro/2010.

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