A Sensação e o Ato de escrever um livro

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Trata-se de pensar na relação papel e escritor: muitas vezes me parece um diálogo de surdos, onde a cumplicidade,  na solidão que sustenta o momento da escrita, fortalece este vínculo através do escrito.

O ato de escrever: a arte da invisibilidade é sua visão e explicação de suas crenças.
Também, o que é escrito não nos pertencerá mais.. nas noites as palavras  poderão roubar nosso sono mas serão para o devaneio.  E chegará o momento no  qual não nos pertencerão mais... serão escritas, registradas, compartilhadas, ganharão pernas e partirão para o mundo.
Caso contrário, não terão sentido.
O ato de escrever

Escrever. Por uma vez somente e na imaturidade... Talento? Vocação? Perguntado, o escritor responde, nega : "são só uns rabiscos"...Quando eu tinha 13 anos, no colégio ( ginásio), atendi ao "convite" para um concurso de redação para o Dia das Mães. Recordo algumas frases. O que é importante não esquecemos e o inconsciente acolhe o que a consciência resgata . E, um Primeiro lugar ficou tão importante em minha vida de adolescer, que lembro como um Flash back. Impossível esquecer. Chamada a um palco para receber meu primeiro relógio de senhorita. Lindo!
Mas o escrito perdeu-se no tempo... não dei a importância devida àquele pedaço de papel..A certeza da presença materna privou-me da necessidade de  guardar como um papiro, as palavras escritas com o amor transferido e único.

E com o passar dos anos, as experiências continuam sendo resgatadas. Agora  neste Voo. Não como Ícaro que teve suas asas queimadas pelo poder incandescente do sol  e que a mitologia nos oferece para que façamos nossas metáforas. O Voo de meus escritos, são  memórias que não flutuam. Permanecem presas nas mãos e coração de quem as escreve.  Através da mudez.. ah! escrever!  Pode ser que a  arte da mudez e da invisibilidade move a intenção ou o ato de escrever. 




Dois anos de criação. Em cada crônica a emoção presente pois nela desvelava minha alma.. no livro comentava a vida que eu via passar.
E agora, está aqui. Um relato de minhas emoções, minha obra,  que somente tornou-se livro no instante em que foi lido:

"O Voo: crônicas do cotidiano à luz da psicologia."
Ed. Imprensa Livre





 
 
E através da introdução, apresento minhas memórias, a história por trás do visto. 

 

                                                             PALAVRAS INICIAIS

 

"Este livro nasceu a partir de fragmentos retirados do cotidiano, observações e questionamentos que povoaram minha mente diante de fatos especiais. Os textos foram escritos em diversos lugares e em tempos diferentes por onde passei... alguns nasceram entre uma decolagem e outra, em aeroportos do mundo. Através da minha observação, pude analisar a essência dos fatos.

 

Há dois anos criei um blog “Sonia de Wallau: momentos”. Nele comecei a colocar o resultado das minhas observações, textos de diversos assuntos que rapidamente despertaram o interesse de muitas pessoas, que como eu, sempre questionam os fatos...como acontecem. Os textos tornaram-se crônicas e estas, um livro.
 
Procurei despir-me da aura natural da profissão... inútil tentativa. Em meus escritos, metafóricos ou reais, surgem interpretações: permanecem a essência, a lembrança do que ouvi há muitos anos: “Receba o título de Psicóloga”.

 

Assim, os parágrafos foram surgindo. À luz de minha subjetividade mas também procurando o tom que distingue uma crônica, um relato, um ensaio. E agora, compartilho aqui essa coletânea de crônicas, episódios ocorridos neste mundo contemporâneo da pós modernidade, que assolaram, muitas vezes, com trágicos acontecimentos nosso cotidiano tão vulnerável. Também, minhas originais descobertas: incursões, em minha infância, que inevitavelmente fundamentaram o meu olhar para a interpretação dos fatos.

 

Enfim, creio que toda a experiência não tem sentido se não for compartilhada. Seria sempre como chegar de uma longa viagem e no desembarque, não ter alguém a esperar pelo olhar que desvirginou tantos lugares nunca vistos, confirmando que nunca se volta de uma experiência da mesma forma como partimos.  E encontro em Nietszche( 1876),  que não temos o direito de atuar isoladamente em nada, nem isolados encontrar a verdade. Mas sim como a necessidade com que uma árvore tem seus frutos, nascem em nós nossas idéias, nossos valores, nossos sins e nãos, e ses e ques – todos relativos e relacionados uns aos outros.

 

Queridos leitores: sei que tenho um sonho em pretender que todos apreciem meus escritos. Mas é isso que espero. Assim como deixar aqui meu desejo de que também vocês façam de suas experiências uma eterna procura da felicidade. Boa leitura!

 

                            “ Neste dia perfeito, em que tudo amadurece e não somente o cacho se amorena,       

                               acaba de cair um raio de sol sobre  minha vida: olhei para trás, olhei pata frente,  nunca vi tantas e tão boas coisas de uma vez ( ...) E por isso me conto minha vida.” Nietszche. F. p.415. Os Pensadores ( 1844-1900)"

 

 

 
 
 
 

 

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