Janeiro/2009 - Paris. Minha presença no curso: "Les Hivernalles de Psys" |
E foi neste local, no grande anfiteatro, que foram apresentadas pesquisas, palestras proferidas por psicólogos, psicanalistas, psiquiatras renomados, em janeiro deste inverno gelado do hemisfério norte; a crise decorrente da mundialização - ou globalização - foi o tema ao redor do qual, todas as consequências eram debatidas: crises na família, nas escolas, no trabalho, crises pessoais.
Viu-se que, algumas vezes,a crise é considerada como importante no desenvolvimento sócio-econômico e surge como transformadora mas foi sempre considerada um momento crucial, enquanto ato de decisão. Percebi os especialistas franceses, muito articulados e vinculados no pensar ideológico e político em relação à gestão da crise. Sua análise, portanto, vai além dos vínculos sociais mas encontra neles os principais sintomas: ausência ou precariedade nos vínculos pais e filhos, conjugais, com reflexos na felicidade e saúde; as pressões econômicas surgem como, em parte, responsáveis mas também a “paisagem audiovisual” (mídia) e as novas tecnologias que afetam as crianças de forma empática e com excesso de informações. Então, surge a melancolia denunciando a falta de qualidade nos vínculos. Foi um espaço importante de reflexão; o lugar que ocupamos e o que podemos fazer, frente às mudanças sociais: o papel do psicólogo e dos profissionais que vinculam ao seu trabalho o papel das emoções e do stress. Uma similaridade de nossa prática aqui no Brasil enquanto psicólogos, com uma leitura bastante politizada e crítica.
Livros de Psicologia |
Quais são os problemas qualificados de crise? Simples etapas da evolução ou patologia? Foram questões deixadas para reflexão.
E então me dei conta da cultura francesa; todo o francês é politizado, não precisa ser intelectualizado para saber discutir qualquer assunto sobre aspectos humanos, de política, de ideologia; é o que falei num texto anterior sobre a Transgeracionalidade: este saber, esta consciência, o pensar crítico e filosófico, vem do berço de sua infância com o saber de seus pais.
Painel do Curso |
E ao sair deste curso, andando pela rive gauche do Sena, com os primeiros flocos de neve a prenunciar uma nevasca, fiz uma leitura do tempo: recordei minha pré adolescência de formação no Ginásio da Congregação de Irmãs, onde o estudo do idioma francês era instituído e que considero agora, um importante background. Mesmo tímido, auxiliou na procura do entendimento dos estudos da contemporaneidade. Sustentou minhas leituras e me fez pensar na longa caminhada desde Au Clair de la lune até as canções de Carla Bruni.
Enfim, um mês na França, na casa de verdadeiros amigos de longa data, também é uma grande escola.
Queridos amigos , meu anfitriões de lindos momentos -Provins , cidade medieval - 2002 |
E isto me faz refletir sobre os dias inesquecíveis que passei com eles; em outras épocas também. Seu "modus vivendi", sua preocupação e entendimento da crise que assola a Europa e o mundo, a cultura, enfim, o seu viver. Dentro disso, encontra-se um aspecto que me encantou: a culinária.
Escargot: Paladar e escolha. |
Galette de Rois |
Foie gras |
Meus querido irmãos-janeiro 2012 |
2 comentários:
Mais uma delícia que generosamente nos ofereces! Beleza de texto, mostrando todo teu entusiasmo no aprendizado de psicologia e de novas culturas, e também do valor que tu das aos afetos. Emocionante, mais uma vez!
Beijos e continue nos brindando com tuas viagens, metafóricas ou reais!
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Sonia! Lendo este texto senti muita saudade daqueles quatro meses que vivi na França. Para mim foram meses de grande aprendizado não só do idioma, mas da cultura deste povo que, como tu bem dissestes, é extremamente politizado e culto. Adorei tuas reflexões...Um beijão
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