A importância dos vínculos amorosos

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Sabe-se, através da mídia, de ocorrências em todo o planeta em países desenvolvidos ou não, de ocorrências de adolescentes com "ataques de fúria" em escolas, trazendo perplexidades e nos deixando com indagações. Então, à primeira vista, trata-se de um problema estrutural e não social.

Mas, porque  acontece estas barbáries no auge da juventude? Quando a vida oferece  um "leque" de opções? Onde um horizonte deveria aparecer como promissor? Alegre?

Adolescência: quando a vida oferece um "leque"de opções,
onde o horizonte deveria aparecer como promissor.
Temos notícias de um acontecimento numa escola no interior da Alemanha, há anos atrás, quando um jovem de 19 anos matou 16 pessoas e depois suicidou-se; vem juntar-se à lista de outras investidas descontroladas e enfurecidas, insanas, de jovens em outros países também. As evidências apontam vários motivos: o adolescente teria agido por vingança por ter sido expulso da escola ou outros aparentes e manifestos argumentos de tais atrocidades. Porém, são somente conjunturas.

A internalização do  bem-querer
Numa leitura mais detalhada e perspicaz, podemos perceber a denúncia destes jovens ao desamor parental, pais ausentes, a necessidade de ser reconhecido, ainda que mal. Provável resposta à uma possível  privação de amor no núcleo familiar: a necessidade inconsciente de revelar uma carência afetiva, levando ao corte com a realidade, num surto psicótico que permite aflorar os instintos destrutivos mais perversos possíveis. Leia-se então, também, que o desajuste e descontrole dos impulsos pode estar denunciando um desamor infantil, agravado pela crise da adolescência, quando os hormônios reinam soberanos e os instintos tomam conta do aparelho psíquico.

A importância dos vínculos amorosos já nas fases primitivas
do desenvolvimento infantil
Isso nos faz pensar na importância dos vínculos amorosos, já nas fases mais primitivas do desenvolvimento infantil formadores de nossa personalidade: sem amor , vínculos , olhares maternos, presença paterna, a criança pode crescer com a sensação de que não vai aguentar certas frustrações e então ocorre a tendência de autopunir-se se algo der errado, sem controle em seu "manche", dando lugar aos instintos.

Por isso a nossa preocupação, na situação terapêutica, em entender a estrutura psíquica pois é preciso perceber como a pessoa tem sua visão do mundo  e da mesma forma, como se articulam  os meandros familiares. Foram suficientemente bons? Foi internalizado o bem-querer?

E o que pode levar à autodestruição e de outros, como nestes casos, normalmente ocorre? A carência afetiva, a baixa resiliência ( fraca capacidade de responder à frustrações), podem explicar.Muitas vezes estes adolescentes fora criados sem limites e fronteiras, sem noção de respeito e hierarquia.
O convívio afetivo e alegre com colegas
Todos esses movimentos psicológicos são resultados das vivências infantis e o que se traz em nossa hereditariedade, segundo a Psicanálise.

Talvez o que foi visto, através de um olhar cético, não explique tais atrocidades mas nos leve a pensar na causalidade psicológica ; o ser humano é produto de sua história pessoal e familiar, daí o cuidado em entender a necessidade do amor vincular desde o primitivo nascer da trajetória humana . O transcorrer das seguintes fases do desenvolvimento pelas quais passará: o ingresso escolar, as adaptações ansiosas ou tranquilas, o convívio afetivo e alegre com colegas e finalmente a adolescência quase sempre crítica, tem seus alicerces na amorosa vinculação com seus projenitores e a família.

4 comentários:

Deise C. disse...

Ótima a reportagem, muitas vezes julgamos o porque do comportamento de uma criança ser de tal forma, mas não sabemos o que há por trás disso. E se agem de tal forma é uma fuga delas. Gostei muito de ler, e isso me instiga a querer saber mais sobre a história de pessoas que a gente mesmo conhecer.

Parabéns Sônia W.

Margaret Leão disse...

Querida Sonia!Parabéns pelo texto. Fico encantada como escreves bem.Uma infância com muito amor e limites, será o reflexo de uma vida saudável e feliz! Obrigado amiga... beijos.(Margaret Leão)

renata lehmann disse...

Sonia, teu texto ficou ótimo! Explicas muito bem o vínculo amoroso que estrutura a personalidade. Uma infância onde é vivido o amor em boa dose ensina essa criança amar e respeitar os outros. Gostei e fico esperando tuas novas postagens. Um beijo

Anônimo disse...

Ótimos textos, Sônia.
Parabéns!!
Um abraço do Jaime