“O Brasil está na moda". Evoco esta afirmação que ouvi, alguns há alguns anos, de um palestrante e me fez pensar nas possibilidades do resgate de nossa identidade cultural e auto estima. Entendi que nunca houve um “salto” tão grande em nosso país quanto ao período das últimas três décadas.
Isto me fez lembrar o fato de que há 20 anos atrás, ao me apresentar como sendo brasileira no exterior, lá perguntavam: “ Onde fica o Brasil?” Indignação e perplexidade; longe da Zona de conforto, foi o que senti.Neste início de século, porém, já se pode ouvir nos países da Europa: “O Brasil é lindo; as cataratas do Iguaçu são mais belas que o Niagara Falls” e outros comentários positivos em relação ao crescimento econômico e cultural. E isto é motivo de orgulho: a evocação de nosso locus torna-se tangível e faz sentir que somos reconhecidos como parte da diversidade que forma este mundo globalizado.
Dole-cidade medieval onde nasceu Pasteur |
Chamonix Mont-Blanc |
Amigos franceses de Dole |
Isto pode nos deixar mais otimistas, integrados no processo de globalização; sabemos que temos problemas, o discurso não pode ser determinista porém sem problemas não existem soluções. Crise existe, mas muitas vezes faz crescer. Repensar atitudes e ações, para não chegarmos ao caos: órfãos e vazios de espiritualidade. Assim estaremos fazendo a nossa parte.
Percebo que existe uma dialética, que se apresenta como sendo o imperialismo de um lado ( a globalização e a revolução tecnológica ) e a multidão, o povo como o grande capital do século 21, que já entendeu a necessidade de sua inserção nas redes sociais e questões ligadas à tecnologia, junto à sua riqueza de manifestações culturais e movimentos para mudanças políticas e econômicas. Isto faz pensar a necessidade de refletir sobre a identidade cultural, pois o conhecimento liberta; estaríamos ainda escravizados? A leitura informa e transporta o conhecimento que é o nosso único bem inviolável. À passos largos caminhamos, tentamos reverter o quadro de que, segundo dados do Ministério da Cultura, 60% dos brasileiros não tem acesso aos livros. E isto preocupa, pois é na cultura que encontramos subsídios que permitem alcançar metas e nos coloca na percepção e inserção no mundo.
Precisamos, então, da diversidade, pois é nas trocas das diferentes manifestações culturais que se exerce a democracia e a cidadania; o resgate de nossa identidade está alicerçado no conhecimento assim como nossa personalidade tem seu alicerce na infância.
Neste planeta de seis bilhões de pessoas, também as vicissitudes constituem a nossa história; por isso temos que estar mais juntos, mais solidários, mais “pessoas”, pois estamos inseridos num mundo pragmático e capitalista, caso contrário, estaríamos obsoletos e economicamente inviáveis. E neste viés, a nossa práxis faz-se necessária: não sermos meros espectadores mas sim, sujeitos da transformação e da solidariedade, do respeito a vida , esperança de amor nos corações.
O fundamental é que nossa cultura merece atenção e sem preocupação com ideologias, podemos pensar no que já foi dito há tempos atrás: “O melhor do Brasil é o brasileiro”. Slogan? Xenofobia? Ufanismo? Não sei. A verdade é que vem se instalando um grande otimismo em nosso país, um potencial subjetivo e a certeza de que a sociedade é sábia. Os slogans mudam, são dinâmicos e denunciam uma ideologia.
E agora, com a Copa do Mundo em 2014, anunciado pela FIFA surgiu o slogan: “Juntos num só ritmo”. Seja qual for a agência de publicidade responsável por esta criação, conseguiu passar a idéia da importância da união, do conjunto, do clima festivo do brasileiro, que somente nós conseguimos sentir e interpretar. As torcidas se unirão num ritmo festivo, colorido, exclusivamente nosso. Utopia? Pode ser, mas o importante é nunca deixar de sonhar . Temos uma posição privilegiada e reconhecida no exterior, no cenário global ; afinal, seremos anfitriões para o planeta , além de sabermos que o futebol aproxima diversidades, unindo pessoas de todas as idades e classes sociais; a cultura brasileira tem neste esporte ícones inesquecíveis, retratando o nosso potencial.
Então desde já, entremos neste ritmo, felizes. A felicidade tem na cultura o seu colo de mãe. Cultura gera felicidade. Seremos muitas vezes convidados a nos unir num só ritmo. E aceitaremos, demonstrando isto no bem receber o turista, em sermos hostes gentis e capacitados; assim faremos a nossa parte. Oferecer a infra estrutura necessária, embora já tão polêmica e quase frustrante mas que a “volta por cima” resgatou. Então estaremos, em 2014, “Juntos num só ritmo”. Pensemos nisto e continuaremos cada vez mais visíveis ao mundo!
6 comentários:
teste
Sonia, que experiência fantástica.Adorei a forma simples e clara que usas para mostrar nossa "ascensão" ao universo dos "visíveis". E esta proposta de resgate da autoestima nacional é linda e necessária para que"Juntos num só ritmo" tenhamos motivos cada vez maiores de nos orgulharmos. Bjs
Doris Azevedo
Lindo amiga...se quiseres trazer esse casal de franceses até balneario Camboriu,ficarei tb contente em conhecê-los....grande abraço
Querida Sonia, hoje consegui entrar ... Gosto mto. de ler-te, sempre consegues prender a atenção pois transmites além do teu olhar algo a mais e propões bom material para exercitar o pensamento.
saliento- "Percebo que existe uma dialética, que se apresenta como sendo o imperialismo de um lado ( a globalização e a revolução tecnológica ) e a multidão, o povo como o grande capital do século 21, que já entendeu a necessidade de sua inserção nas redes sociais e questões ligadas à tecnologia, junto à sua riqueza de manifestações culturais e movimentos para mudanças políticas e econômicas. Isto faz pensar a necessidade de refletir sobre a identidade cultural, pois o conhecimento liberta; estaríamos ainda escravizados? A leitura informa e transporta o conhecimento que é o nosso único bem inviolável..."
abraço afetuoso e grato de tua leitora e co aprendiz, virgínia vicamf NH RS BR.
ET- Li todos teus post.
O Blog está bonito, inteligente e sensível..bem n. poderia deixar de ser assim . Mais carinho
Gostei muito do teu artigo e das fotos. Deu vontade de viajar...beijos e parabéns pelo blog
Sonia!
Muito bom o texto! " Juntos num só ritmo"...Adorei este slogan. Tu escreves de uma forma que gosto muito porque é extremamente positiva e generosa, mostrando o lado bom da vida. É o que precisamos. Muito obrigada querida por este texto tão positivo, nos fazendo refletir sobre o lado bom do Brasil. Um beijão
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