Síndrome de Burnout - saúde e trabalho

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Para entendermos a Síndrome de Burnout, se faz necessário uma abordagem prévia do estresse no trabalho.

O termo estresse já  foi muito popularizado mas cada vez mais estudamos e pesquisamos sobre  este  fenômeno psicofisiológico : estar em situação de estresse pode  provocar reações no organismo, como hipertensão, úlceras, doenças coronarianas,distúrbios do sono, disfunções sexuais  e mais: pesquisas nos Estados Unidos verificaram grande relação entre o estresse e o câncer, pelo enfraquecimento das defesas do ser humano estressado.

Pelas implicações que o  mesmo ocasiona, nas  relações do indivíduo com o mundo externo e  seu funcionamento  biopsicosocial, trata-se de  um fenômeno bastante complexo.

O estresse é o resultado de uma reação do organismo em resposta a fatores externos invasivos e desagradáveis ao ser humano. Como primeira resposta ou reação do organismo a uma situação estressora (desemprego, perdas, desastres, etc) na Fase de Alarme, ocorre a descarga da Adrenalina sobre o sistema cardiorespiratório, acelerando os batimentos cardíacos e ocorrendo uma diminuição do tamanho dos vasos periféricos, podendo haver quadros hipertensivos agudos. Neste momento  o indivíduo necessita de recursos próprios para adaptar-se às situações, por isso suas respostas são fundamentais. Caso contrário, poderá ocorrer o esgotamento ou a instalação do estresse crônico, que corresponde a Fase da Exaustão (momento propício para a  instalação do Burnout).

Mas, constata-se que estar em situação de estresse, ocasionalmente, não é considerado  prejudicial ao organismo, pois este tem recursos para adaptar-se a estas situações, quando não prolongadas. Por exemplo, quando enfrentamos uma situação que sentimos como muito ansiogênica , a entrevista  por uma vaga  no emprego, uma viagem de avião que para muitos  funciona como um agente extremamente estressor, e muitos outros exemplos  de nossa vida cotidiana; no momento que nos afastamos desta situação , nosso organismo voltará a homeostase: o organismo voltará a adaptar-se em níveis normais.Então poderíamos dizer: é bom existir o estresse! Neste caso é a mola propulsora do sucesso através do enfrentamento de situações desafiadoras. Trata-se do estresse positivo, ou EUSTRESSE.

Por sua vez, o DISTRESSE, ou estresse negativo, além de causar danos ao indivíduo, dá oportunidade para que a SÍNDROME DE BURNOUT se instale. Também este, tal como o Eustresse, causa reações psicofisiológicas( suor nas mãos, ansiedade, batimentos acelerados do coração), mas em função da características de personalidade e de variáveis sociais, como se expor por tempo demasiado a uma situação de estresse, o indivíduo  poderá desenvolver atitudes, sentimentos e reações que resultarão em prejuízo em sua saúde e qualidade de vida, com  reflexos altamente negativos em seu desempenho
laboral. Em nível empresarial, poderão ocorrer faltas e atrasos com queda da produtividade para a organização, instituição ou empresa, dando sinais da instalação do estresse crônico e muitas vezes  o BURNOUT.

A síndrome de Burnout é um quadro clínico mental  extremo de esgotamento no trabalho: surge em decorrência do estresse LABORAL crônico já instalado. Trata-se de um conjunto de sintomas psicofisiológicos vinculados  aos profissionais em suas atividades, sempre em contato com pessoas.

Temos então um fenômeno circunscrito na área laboral

O termo Burnout ( Burn-out), tem sua origem nos Estados Unidos , a partir de Freudenberger na década de 1970. Literalmente a palavra Burnout significa “ queimar-se” pelo trabalho. Em função do esgotamento, ocorre a perda do significado do mesmo, a destruição do prazer e do interesse pelas atividades laborais   e a  vida psíquica fica reduzida a execução do que está prescrito; o mundo afetivo passa a ser de infelicidade pois está em descompasso com a motivação e a criatividade, capacidade e desejos do ser humano.E o sintoma mais característico do Burnout é a despersonalização, ou seja, a rigidez afetiva, a frieza em relação aos  demais,  a incapacidade de demonstrar afeto tratando  as pessoas que o rodeiam como objetos em seu ambiente de trabalho; baixa auto-estima, sentimentos de inadequação e fracasso.Surge a desilusão.

De acordo com pesquisas, a Síndrome de Burnout se manifesta quando não ocorre motivação e satisfação laboral; surge a partir de um desgaste entre as necessidades e os interesses da instituição e as respostas que o indivíduo pode dar as mesmas, surgindo uma patologia que poderá  contaminar  as relações de trabalho, afetando seriamente a qualidade do atendimento recebida pelo usuário.

Pode ocorrer tanto na área da saúde, onde esta Síndrome foi diagnosticada inicialmente  no final do século passado,  como também em outros segmentos cada vez mais estressados em função do comprometimento inevitável com as novas tecnologias (que se renovam a todo o momento) e as exigências do mundo globalizado. A urgência do tempo e a necessidade de reter informações que chegam numa velocidade  incalculável, torna o ser   humano cada vez mais ansioso, vulnerável aos desafios cognitivos que permeiam o mundo do trabalho.  Na busca de êxito profissional ou social, é lançado  na competitividade, além da necessidade de perfeccionismo e racionalização das emoções.É onde se faz necessária a intervenção profissional, tanto individual como em grupos, para  o entendimento de como está conduzindo suas vidas.

Quando o indivíduo sente-se burnig-out, pode ser que seja possível o seu entendimento   das  dificuldades na criação de vínculos sociais,  afetivos e relacionamentos interpessoais  deparando-se   com suas fragilidades.

Mas há um consenso entre os estudiosos do Burnout que é a Prevenção. O indivíduo e as organizações precisam se preocupar com os agentes que causam o estresse e o Burnout, no sentido do diagnóstico, prevenção e tratamento. Podemos ter o deterioramento da qualidade de vida laboral  e os níveis elevados de estresse podem repercutir negativamente na preservação da saúde da instituição (ergonômicos, de relações humanas, gestão organizacional),   com grande prejuízo para a organização e para o ser humano. A preocupação com o estilo e a qualidade de vida são fundamentais.

No Brasil necessitamos ampliar os estudos empíricos nesta área; os Estados Unidos e Europa caminham a passos largos investindo em pesquisas; a Síndrome de Burnout tem gerado grande preocupação não só na comunidade científica internacional mas também por entidades governamentais e empresariais norte-americanas e européias, devido a seriedade de suas conseqüências, tanto em nível individual como organizacional (absenteísmo e outras variáveis) Várias propostas tem surgido já a partir de resultados obtidos aqui no Brasil: abordagens individuais, mudanças na organização do trabalho e revisão de estratégias de valores.

Na área da saúde, rever os modelos que regem a estrutura dos sistemas hospitalares e como está a  resposta dos profissionais aos agentes estressores, a fim de prevenir o esgotamento emocional através da intervenção.


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Reflexões e estudos sobre Estresse Laboral e BURNOUT.

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