.......seria sentir a mesma emoção de espiar pelo buraco da fechadura, sob o ponto de vista da Psicanálise |
Existe a possibilidade de voyeurismo quando sentimentos primitivos do telespectador são despertados: espreitar a vida alheia, a imaginação do que se passa sob um edredon, seria sentir a mesma emoção de espiar pelo buraco da fechadura, do ponto de vista da Psicanálise. Freud explica o voyeur como uma forma de privilégio, que habilita ver o proibido. Ocorre um mecanismo de identificação, em certos aspectos, e de poder verificar afinidades.
E porque o sucesso destes programas?
Este segmento, com o auxílio da tecnologia, apresenta um espetáculo que encanta muitos daqueles que ficam do outro lado, como um auto-retrato. Votando, escolhendo e isto proporciona ao telespectador uma sensação de poder, pois excluir os participantes, como parece acontecer, motiva narcisicamente o público.
Milhões de nossa moeda são gastos, sabemos disto. Manter a audiência é o alvo principal mas discorrer sobre isso aqui, retira o foco, assim como desvirtua o olhar psicológico ao qual se propõe este texto.
E quanto aos personagens da vida real? Quais as consequências psicológicas do confinamento, para os mesmos?
O lidar com a fama repentina e com a condição de passar de anônimos à heróis de uma forma tão meteórica, é uma situação de limite psicológico. Difícil manter-se no topo da fama, lidar com o papel de mito. Sabe-se de casos na TV européia, onde personagens de reality shows passaram por momentos profundamente depressivos. A competição pode levar a um stress importante, após longas exposições.
Jogar: interessante perceber a competição que se estabelece entre eles, mais parecendo um jogo de xadrez num tabuleiro metafórico, no qual são estudados astutamente os momentos decisivos para o xeque-mate! E como resultado, um perdedor no jogo para a fama.
..os desempenhos mais performáticos, estratégicos, sensuais, são variações uteis .. |
E então, poderíamos fazer uma analogia à Teoria do grande pensador Charles Darwin. Seu pressuposto"os mais aptos sobrevivem", que deu lugar ao Darwinismo social mais contemporâneo, pode ajudar a entender que os desempenhos mais performáticos, estratégicos, sensuais, são variações úteis que certos participantes detém; são mais hábeis sugerindo assim a inferioridade do outro menos hábil. Poderia se falar em uma terrível Eugenia inconsciente, rotulando as pessoas como aptas a ganhar o jogo em detrimento do perdedor inapto. Assim, são excluídos através do jogo e com táticas estratégicas e planejadas numa seleção nada natural e muitas vezes maniqueísta.
Enfim, a nós compete a responsabilidade: o livre arbítrio de escolher entre o lazer proveitoso ou espreitar momentos muitas vezes bizarros e patéticos.
1 comentários:
Gostei muito do teu texto, Sonia. Bem claro, mostra o que causa essa comoção e resultando essa audiência. É importante que se saiba o que motiva as pessoas ver o "show". Pois é isso q o programa pretende. Não é de duvidar que tenham consultoria de profissionais "psi" pra orientar as escolhas e os papéis a serem agrupados no programa. E dai...soltem as feras na arena para as devidas identificações, como tu tão bem explicastes. Muito bom, atual e oportuno o que postaste.
bjs e espero o teu próximo!
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